- Mais tranquila?
(Hesito; gaguejo):
- É, quase.
Para ser franca, esta semana foi uma das mais sossegadas, desde o início das atividades relacionadas ao Projeto. Sei que podia adiantar o quanto possível algumas etapas, ler algumas matérias relacionadas ao assunto, enfim. Mas, entendam: EU PRECISO SABOREAR A TRANQUILIDADE! Nem imaginava que ainda fosse capaz de ter essa sensação.
Aproveitei esses últimos sete dias para ler Tieta do Agreste - Pastora de Cabras. Fiquei muito triste. Santana do Agreste (cidadezinha do litoral baiano onde é passada a narrativa) me relembrou a beleza incomparável da vida no interior nordestino. Beleza que eu não vou tentar descrever por um só motivo: tal descrição é impossível, ninguém pode se atrever a falar sobre este assunto através de simples artigo, é sandice.
Mas, se quiser saber, pegue suas tralhas e corra pra lá, saberá qual é o nó que subjuga língua e pensamento e impede a descrição precisa dos aspectos daquela terra.
(Sim, sim, sou uma provinciana e disso muito me orgulho).
Pois é, esta semana eu me empenhei para ficar despreocupada - esforço que, naturalmente, já descaracteriza a minha suposta tranquilidade.
Nem as provas atrapalharam minha beatitude. Nunca estudei para nenhuma prova e não foi desta vez que violei esta regra que sigo cegamente, é uma das poucas.
Mas, ao menos, resolvi dezenas de palavras cruzadas, fui ao cinema, dei muita risada com tia Ângela e com Ricardo, comecei a leitura do primeiro tomo de "Os Irmãos Karamázov" e acordei tarde todos os dias.
Por falar nisso:
Trrrrm, trrrrmm, trrrrrrrrmmm... "slip inside the eye of your mind"...
Acordo devagar, estava tão bom o meu sonho! Que, na certa, era com alguma gulodice - emagrecer é terrível. Atendo:
- Ooooi, Pai!
(disfarço, mas sei que ele vai perceber a voz de sono).
- Faaaala, Nega! Dormindo?
Mesmo com todos esses quilômetros de distância, sinto o ar de gozação dele. São quase dez horas da manhã. Fico com vergonha de confessar minha vagabundagem e respondo, reticente:
- Ééé, mais ou menos.
- Nega safada!
(assim disse Pai, e deu sua risada irresistível).
É, "amanhã é outro dia!", já falava o açougueiro (coincidência?) de um livro delicioso do Domingos Pellegrini.
E eu concordo.
Pais... Sempre sabem de tudo.
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