"Hello, Darkness, My Old Friend".

terça-feira, 19 de julho de 2011

Cartas.

Eu colecionava papéis de carta. Não faz muito tempo. Conservo a maioria deles, obviamente - não tenho destinatários. Para falar a verdade, até hoje não consigo resistir às papelarias.

É tão bom escrever para quem se gosta. Mesmo sem assunto. Você pensa na pessoa, pega a caneta que deixa sua letra bonita, pega o papel de carta todo decorado (e fica morrendo de pena de usá-lo), e vai enchendo as linhas. Geralmente, nada de extraordinário - mas que será uma lembrança para o resto da vida. Foi por isso que comecei a enviar cartas periódicas para Mãe e Pai. Antes, eu escrevia uma carta para cada um. Agora, escrevo uma só: fica subentendido que um pula a parte sobre bolsas, sapatos e vestidos, e outro não lê a parte sobre futebol (e, por falar nisso: São Paulo F.C., o que está acontecendo?).

Hoje, parece estranho escrever. Mas eu gosto de me sentir no passado, gosto de escrever, e enfim posso dar utilidade aos meus papéis de carta. O principal, no entanto, é que certos vocábulos, quando escritos, transmitem muito mais emoção do que quando falados. É o que eu acho.

Uma vez:

-Minha filha, seu pai chorou o dia inteiro.

[Sobressalto].

-Mãe, o que foi?

-Ele leu a carta que você mandou, chegou hoje.

-Aaah, Mã. Não era essa a intenção! E você?

-Li e chorei também.

[Pais...]


Enfim. Eles não têm tempo de me responder, é uma pena.

Há tempos, recebi uns cartões de uma amiga da Alemanha. Guardei dentro das "Folhas das Folhas de Relva" - o que prova o quanto eles são importantes para mim. É tão bom - abro o livro, e lá estão, entre as palavras de Whitman, aquelas que vieram de tão longe, escritas pela Sheila, e que eu releio junto com as do poeta de que Mr. Keating tanto gostava.

Aliás, com sua licença, farei isso mais uma vez agora. E até a próxima postagem.



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