É, eu achava que esta hora ia demorar. Achava que eu ia saber o que fazer, já que para isso estudei arduamente nos três anos anteriores. No entanto, estou aqui, meio desesperada.
PREX - Projeto Experimental - é o nome do trabalho que os estudantes de Publicidade e Propaganda precisam desenvolver durante o último ano acadêmico. E chegou a minha vez.
É daí que vem esse aperto no meu peito, a vontade quase ininterrupta de chorar, o medo. Essa é a primeira semana de trabalho concreto. Por milagre (única explicação plausível), consegui um contato na empresa que escolhemos como cliente. Antes de conseguir este elo (imprescindível, por sinal), eu já vinha tendo pesadelos contínuos sobre o futuro da minha equipe.
Não estou fazendo drama. Não vou conseguir ser precisa na explicação. Só quem já passou (ou está passando) pelo mesmo momento que eu sabe das dificuldades que é preciso enfrentar. Como chegar até as empresas alegando que é estudante, que vai precisar de esclarecimentos a respeito de informações organizacionais que, na maioria das vezes, são secretas? Mesmo estando do lado desfavorecido, consigo entender que as corporações não poderiam nos receber com um tapete vermelho e uma coroa de louros. Afinal, chegamos até eles portando, apenas, a esperança, e inquirindo descaradamente sobre dados confidenciais! Como eu esperava ser recebida?
Sinceramente, eu esperava apenas ser atendida. Perceber um pouco de interesse ou de atenção. Mas, na minha empreitada, não obtive nada disso. Aliás, me senti humilhada como poucas vezes na vida. Além de humilhação, o que mais me restava sentir, sabendo que nenhuma daquelas pessoas, do outro lado da linha ou da tela, se incomodava com o meu desespero, a minha súplica, o meu trabalho inteiro por realizar, o meu ano letivo em vias de ser desperdiçado?
E, em todas as vezes, eu fiz o que me restava. Desliguei o telefone, fechei o email, fechei o quarto e chorei, desesperada, com a certeza de que eu não tinha quase ninguém com quem contar e que os meus professores não tinham nada a ver com isso. Eu tinha prazos e era meu dever cumpri-los. Mas, como? Eu não tinha apoio nenhum e sequer enxergava mais a salvação.
Que apareceu, aliás. Quer dizer, pelo menos é o que parece, e Deus permita que eu não esteja enganada desta vez.
Falo assim porque conheço que não sou mais a mesma pessoa depois dessas investidas. Minha mãe sempre diz que eu levo tudo a sério demais, que eu me desgasto demais, me preocupo e sofro demais. Tudo isso é verdade. Aprendi nos últimos tempos que os pais sempre têm razão. Enfim, quando a dor é muita, minha visão se altera. No auge da aflição, eu tenho a certeza de que nunca mais o mundo será o mesmo. O sofrimento fica pra sempre em mim, é uma lente que condiciona o que está ao meu redor.
Muitos vão dizer que é só um trabalho, que, em último (e inimaginável) caso, eu seria reprovada e teria que fazer tudo de novo, só isso. Eu também gostaria de pensar assim. Mas não consigo. Este PREX vale a minha formatura, no final do ano. Vale a conclusão de uma etapa fundamental da minha vida, vale a certeza de que eu aprendi o que devia aprender nos anos anteriores e que eu sou, sim, capaz de colocar em prática todos os conceitos que absorvi em todas essas aulas. Não vai ser agora que eu vou frustrar tanto a mim mesma e aos meus.
Sei que esse trabalho não vai se definir à custa das minhas lágrimas. Elas são só um desabafo, um dos poucos que eu tenho. Não possuindo minha mãe e meu pai aqui, relegada aos cuidados de uma família que eu evito preocupar, não contei a ninguém sobre esse meu problema. Além do mais, eu não deixo que ninguém veja as minhas fraquezas. Mas, na realidade, eu estou morrendo de medo. Como nunca senti nesses quase vinte anos de vida.
Essa é a razão deste Blog. Se você tiver paciência, visite. Dê-me a honra. Antecipo que eu não vou ensinar como elaborar uma Campanha, mas, com sorte, posso confortar um pouco aqueles que também choram, praguejam, passam noites insones, desesperam da vida e pensam que tudo vai se perder. Eu também sou assim. Não ofereço garantias de que as coisas vão dar certo. Mas, com o Diário de um PREX, afirmo para todos (sobretudo para mim mesma) que a vida continua. E, há três ou quatro dias, eu achava que não.
Até a próxima postagem.
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