"Hello, Darkness, My Old Friend".

segunda-feira, 28 de março de 2011

Novos Olhos

Hoje, quando cheguei à Faculdade, fui para a Biblioteca ler uns versos do Fernando Pessoa (um dos meus poetas preferidos, nem podia ser diferente). Li e reli poemas de que eu já gostava há muito tempo, aos quais, desta vez, consegui emprestar nova significação. Estou passando por tanta coisa... Tinha razão o filósofo quando disse que não se entre duas vezes no mesmo rio. Li isso em "O Mundo de Sofia", nas últimas férias. Só agora entendi realmente.
Mas o que eu queria dizer era que, na Biblioteca, conversei um minutinho, quase em camaradagem, com a atendente. Elogiei o novo corte de cabelo dela. Justo eu, que sou tão fechada. Que procuro sempre ocupar o mínimo possível do espaço dos outros, desejando apenas que ninguém se insinue no meu. Também nisso sou egoísta.
E, como eu ia dizendo, conversamos, a atendente e eu. Depois das minhas últimas provações, eu me preocupo com as pessoas. Zelo por elas. Sorrio, mesmo no aperto das conduções, na pressa das ruas. Agora eu sei muito bem o que é ter a certeza de que ninguém está nem aí para os seus problemas. Que ninguém está disposto a te ajudar, pois todos têm mais o que fazer da vida.
Enquanto a atendente falava do cabelo novo, eu me dei conta de que ela sempre havia sido tão simpática comigo! Quando a máquina lia minha carteirinha e meu registro aparecia na tela, ela me chamava pelo nome, sempre sorrindo, prestativa. Eu, a secura de sempre. (Reconheço, mãe!). Hoje, depois de longos períodos tendo a honra (agora eu sei disso) de ser atendida pela bibliotecária, conversei com ela pela primeira vez. Só um minutinho, claro, o trabalho dela não permitia mais.
E essa prosa tão curta fez uma diferença substancial no meu dia. Nunca tinha me ocorrido que gestos assim pequenos (desculpem pelo clichê, é inevitável) fazem tanta diferença. É dentro de cada um que todas as mudanças devem começar. Foi preciso esbarrar no PREX, tremer de medo e aflição, roer as unhas e chorar (não o choro simples, e sim aquele choro que dói) para perceber que eu estava deixando de aprender coisas importantes que não constavam da minha matriz curricular.
Eu já disse que não sou mais a mesma pessoa?

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